Umbanda, Preto Velho, Orixá, Cigano

Preto-velho é o espírito de um escravo de origem africana, que procura repartir com as pessoas encarnadas na Terra a sua sabedoria, a sua experiência de vida. São espíritos de pessoas que sofreram muito quando viveram na Terra, sob o jugo da escravidão, mas que acumularam muito conhecimento e que nas sessões de Umbanda procuram utilizar este conhecimento para ajudar as pessoas e deste modo desenvolver a virtude da caridade.
Pintura de Debret retratando os castigos corporais sofridos pelos escravos no Brasil
Assim como os caboclos e as demais “entidades” ou espíritos da Umbanda, os pretos-velhos não são necessariamente ex-escravos, mas são espíritos que se identificam com eles.
Caboclo, dentro da Umbanda, corresponde a um espírito desencarnado de um índio, que se manifesta através de uma pessoa capaz de senti-lo, o chamado “médium”. Tal espírito responde às perguntas dos frequentadores das sessões de Umbanda, procurando passar-lhes sua sabedoria e coragem, na intenção de ajudar-lhes a superar seus problemas.
Índio kuikuro
Os caboclos da Umbanda são espíritos de muitas virtudes espirituais, tais como a determinação, a lealdade e a honestidade, mas que necessitam desenvolver a caridade e o amor ao próximo. Daí a sua participação nas sessões de Umbanda, onde procuram auxiliar as pessoas em dificuldades e desse modo evoluir espiritualmente.
Índio pataxó
Os caboclos da Umbanda não são necessariamente espíritos de índios. Podem ser espíritos de outras origens, mas que apresentam semelhanças de caráter com os indígenas.
Orixá é uma força da natureza. Existem diversos tipos de orixá, cada um relacionado a um elemento da natureza. Existe um orixá para as águas doces, um para as águas salgadas, um para a caça, um para as ervas medicinais etc. Estas forças foram percebidas pelos povos africanos, os quais transmitiram este conhecimento para os povos americanos, quando da vinda dos escravos africanos para a América, entre os séculos XVI e XIX.
Escravos africanos no Brasil
Os africanos desenvolveram ritos específicos para a invocação e o culto de cada orixá, baseados em danças, músicas, vestimentas, saudações, comidas e bebidas. Acreditavam eles que o culto dos orixás lhes renderia boa sorte.
Culto ao orixá Oxum, que rege as águas doces
Os umbandistas adotaram o culto africano dos orixás. Nas reuniões regulares dos umbandistas, as chamadas “sessões”, o culto dos orixás é uma prática habitual
Na Umbanda, exu é um espírito alegre, brincalhão e muito esperto. Conhece as artimanhas da vida, porém necessita se desenvolver no aspecto moral, razão pela qual se incorpora nos médiuns das sessões de Umbanda e procura auxiliar as pessoas que o procuram. Deste modo, desenvolve a virtude da caridade e da ajuda ao próximo.
Estatueta de exu
Existem vários tipos de exu. Muitas vezes, é representado sob a forma do diabo cristão ou a de um típico malandro.
Estatueta de malandro representando exu
Pomba-Gira (nome vulgar/vide mais detalhes em Exu) é um “espírito” “feminino” com muita sabedoria prática da vida e que se incorpora em médiuns durante as sessões de Umbanda para aconselhar e ajudar as pessoas a resolver os seus problemas do dia a dia. Desta forma, o espírito está desenvolvendo a sua compaixão e a sua solidariedade, vencendo seu próprio egoísmo e evoluindo espiritualmente.
Desenho alemão de 1887 retratando uma cigana
A pombagira, assim como as demais entidades (espíritos) da Umbanda, pode pedir que o consulente faça uma oferenda de flores ou alimentos ou que tome um determinado tipo de banho, sempre visando a ajudar na resolução dos problemas pessoais do consulente.
A Umbanda sempre esteve vinculada às camadas mais pobres da sociedade brasileira. Por tal motivo, sempre foi discriminada como uma manifestação cultural marginal, fora da lei, combatida pela religião oficial do país, o Catolicismo. O que não impedia que as pessoas de nível social mais alto procurassem seus terreiros nos instantes de maior desespero e necessidade.
Velho marinheiro, de Bertha Worms. Espíritos de figuras típicas da cultura brasileira, como marinheiros e boiadeiros, também costumam incorporar em médiuns durante as sessões de Umbanda.[1]
O tabaco é muito usado na Umbanda como um agente purificador. Os exus e caboclos costumam usar charutos, enquanto que os pretos-velhos costumam usar cachimbos[2].

REFERÊNCIAS

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